
A matéria serve para tudo, menos para uma coisa.
A vida que conhecemos e admiramos devemos a ela.
Mostra-nos possibilidades e impossibilidades, até mesmo nos permite a experiência do milagre divino.
Afirma que só os pássaros voam, só os peixes respiram submersos, só os homens falam.
Usamos dela sem reservas para aplacar momentaneamente nossas inúmeras necessidades, desejos e apetites, como comer e sentir.
Embora um contrassenso, até mesmo o vultoso avanço tecnológico e a virtualização da vida humana se estabelece sobre íons, correntes elétricas, elementos químicos, placas, conectores, sensores e dispositivos variados.
Ela só não nos diz mais quem somos, “o que somos” ou que orientação de vida queremos ou teremos.
A metafísica não serve mais para nada, apenas para uma coisa.
Não aponta mais para a existência de Deus.
Não vislumbra mais uma alma livre, eterna, destacada da organicidade cerebral.
Não sugere mais a presença de valores perenes, comuns a todos.
Não traz mais uma consciência íntima que me diga ou te diga: “talvez, esteja equivocado e precise mudar minhas concepções”.
Não concebe mais ideias primárias, primordiais, cujo nascedouro se encontra em um plano distinto, anterior e maior ao da experiência sensível, individual ou coletiva.
Mas, flui, como um “corpo perdido no espaço”, incentivando mentes e existências a formarem autoconceitos infinitos sobre si mesmos.
Afinal, quem queremos enganar?
T. Assinger.