
O que diríamos de alguém que afirma que defende mais igualdade na educação?
Admirável. Ótimo. Concordo.
Responderíamos todos assim porque parece-nos evidente e inquestionável o bem incutido na ideia de ampliação do acesso educacional. Quanto mais crianças e jovens na escola com ensino formal de qualidade melhor.
E se nos dissessem que além do amplo acesso ao ensino formal, a igualdade na educação pretende também uniformizá-lo em termos de visão de mundo, de sociedade e de pessoa, tornando comum e cogente determinada orientação curricular, certa gestão do ensino, bem como tornando massivo e asfixiante o incentivo ao uso de modelos pedagógicos considerados mais afins a um plano educacional global? O que diríamos sobre essa ideia de igualdade na educação?
A unanimidade de concordância e aceitação seria quebrada, pois existem pais, mães e professores, que prezam por maior liberdade no que tange à possibilidade de escolha sobre o tipo de ensino dos filhos e alunos em todos esses aspectos mencionados. Foi aqui que eu pulei fora desse barco de “igualdade” educacional sui generis.
Admito que eu comprei essa envolvente ideia pelo mero rótulo. Talvez você tenha feito o mesmo, não sei. No entanto, em um momento seguinte, bastou-me abrir a embalagem do produto “educação para todos”, para que eu percebesse a falta de semelhança entre o que fora anunciado e o conteúdo que restou em minhas mãos após abrir seu pacote.
Aproveitando-me do momento de celebração pascal, tempo em que geralmente dedicamos mais energia a reflexões profundas, como a de liberdade interior, sintetizo o que aconteceu comigo (o abandono da ideia de igualdade educacional, como ela se mostra atualmente) propondo a seguinte analogia:
“Certa vez, comprei um ovo de chocolate seduzido por uma propaganda bem feita, veiculada ostensiva e repetidamente em meu imaginário. Após a compra, guardei meu ovo com muito cuidado no armário de minha casa. Pensava nele, via-o como na propaganda, desejava comê-lo, mas em respeito à liturgia de nossos costumes sociais, esperei o domingo de páscoa para desfrutar essa delícia. No grande dia, sentei-me no chão e abri o meu presente esperado. Sua embalagem era lindíssima, um papel metálico brilhante e colorido, mas o ovo não era o que a publicidade comercial me havia feito desejar. Frustrado, sentindo-me enganado, não quis o ovo, joguei-o fora.
Antes de descartá-lo na lata de lixo, percebi, porém, que dentro do chocolate exterior e aparente (o que não gostei) haviam vários bombons, que eram menos ainda do meu agrado.”
Professores, pais e mães,
O que vendem hoje como educação humana e equitativa é apenas propaganda, uma embalagem bonita de um antigo propósito “universalista” e de péssimo gosto.
A páscoa, com seu significado imediato que denota a saída de um povo da escravidão para a liberdade, soa como uma ótima oportunidade para verificarmos com cuidado e detalhe o que temos dentro de belas e ofuscantes embalagens de protutos que comumente carregamos conosco.
Ao abrir a minha, percebi “de cara”, que não era o que queria.
Alguns, entretanto, não perceberão logo a duvidosa qualidade do produto, para quem recomendo sinceramente que abram também as embalagens dos pequenos bombons trufados dentro do ovo.
Documentos na área da educação são exemplos de bombons a serem desembrulhados.
Vejam vocês mesmos se estão doces ou mofados!
Abs.
T. Assinger.