Diamante Rosa

UM CONTO SOBRE COMO NASCEM AS MÃES

No Palácio do Amor, havia uma linda princesa chamada “mãe”. 

De onde vinha, não era de se espantar que em seu coração houvesse muito carinho, cuidado e dedicação para dar. 

Ela tinha um príncipe que a amava e também pais, irmãos e amigos, constantemente presentes em sua caminhada. 

Seu maior amigo e conselheiro pode se dizer com certeza: sempre foi, é e será Deus, o Senhor. Ele sonda e entende como ninguém o seu fascinante e rico mundo interior. 

Em uma noite iluminada por uma grande lua, que se exibia exuberante e imponente na janela de seus aposentos, a princesa do amor fez um pedido nobre e profundo ao seu bom e fiel conselheiro, dizendo: “Senhor, queria tanto, mas tanto, que de mim saísse o sentimento mais alto e sublime que alguém possa gratuitamente entregar”. 

Logo após sua prece, a princesa adormeceu tranquilamente, acalentada pelos sedosos e macios lençóis reais de sua casa, de seu lar. 

Dormiu introspectiva sob a luz do luar. 

Acordou exuberante, radiante, pois lembrou-se do refulgente e precioso diamante visto em seu ventre durante seu fatídico sonhar. 

Semanas se passaram desde aquele dia, mas nem sinal de seu sonho vingar. Se até mesmo uma  pedra bruta parecia-lhe distante, quanto mais uma daquelas bem, mas bem ofuscantes! 

Durante esse tempo, o nada parecia  insistir em reinar, mesmo diante de um altar repleto do amor desejoso de todo bem dispensar. 

Se no mundo exterior, como gotas constantes que sopesam a alma, o “zero” impunha a princesa a falta do sonho ainda por realizar; no reino interior acontecia diferente, o tempo da perfeição se aproximava sutil e lentamente, indicando a ela que esperar em Deus seria como lapidar diamantes, tornando-os presentes ideais a preencherem corações cintilantes de pessoas cativantes, como aquela princesa do amor, sempre radiante.

Pelo quarto e quinto mês seu ventre passou a crescer e mexer, mas ainda não lhe parecia haver sinais da tão sonhada pedra cintilante. 

Forte como uma rocha, sábia como a virtude, delicada e linda como uma flor,

Sobre os dias de espera, ela pensava assim: “mera aparência”, pois “o melhor ainda está por vir!

Até que num dia inesperado, quando um misto de sensações corpóreas e espirituais apossaram-se de seu ser, tudo mudou e passou a fazer sentido para aquela inexperiente princesa nutrida com ardor, pois sentiu “na pele” e na “alma” que o que há de mais belo e intenso nesta vida sairia de dentro de si, para todos aqueles quisessem constatar e ver a beleza do existir. 

Ali, “Mãe”, a princesa do palácio amoroso, percebeu que havia sido contemplada em sua maior vontade e vocação.   

Do seu desejo profundo e valoroso, talhou-se um pedido íntimo ao céu majestoso; 

Das brancas nuvens celestiais cheias, repletas de gotas lacrimais, talharam-se um único e imponente sonho, que vale por muitos e muitos anseios providenciais; 

Da experiência e dificuldade da espera talhou-se uma esperança forte, inabalável e realmente sincera;

Da franca e firme fé da princesa, cuja maior missão é amar, talhou-se uma linda e rara jóia,

Um Diamante Rosa.

Uma mãe, que ama e é amada, de onde inevitavelmente são talhados

Incontáveis outros diamantes de cores cintilantes, 

Filhos e filhas, a serem para sempre acolhidos e cuidados por esse amor único, divino, aperfeiçoado e fulgurante.

Eis o início, o começo de toda mãe.

Idealizante, tentante, gestante, parturiente, amamentante, com ou sem leite, natural, artificial, adotante, de colo, do peito, com ou sem jeito, mas sempre com aperto que dói, remói e até “destrói” o que já estava na hora de ruir, vir abaixo, para em terra arada enfim eclodir o mistério indecifrável, profuso, inefável, quase vicário, do amor maternal. 

T. Assinger.

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