Papai, cai na real!

Divirto-me muito com minha filha de quatro anos. Viajamos muito em suas brincadeiras fantásticas. Às vezes fico na dúvida sobre quem viaja e se diverte mais, se ela ou eu. Para ser sincero acho que nos completamos em termos de criatividade, intensidade e diversão. 

Em alguns momentos, entretanto, me empolgo em minhas ideias de personificar bonequinhos, pelúcias e até objetos. Sou bem desse tipo, confesso. Invento cada coisa!

Então, vem ela, inesperadamente, cortar meu barato dizendo: “pai, é de brinquedo, não pode fazer isso ou aquilo”. Como sou amante da verdade, fico sem saída e digo-lhe: “tá bom, tem razão” e logo engendramo-nos noutra brincadeira e continuamos a nos divertir. 

 Nas entrelinhas dessa linda e fundamental experiência entre pai e filha observo como as crianças, incrivelmente inteligentes, caminham com facilidade na corda bamba entre a realidade e a fantasia. Elas sabem como ninguém explorar o que há de melhor e mais divertido nas brincadeiras criadas, bem como assimilar o que há de mais precioso e essencial nas relações reais com seus pais e familiares, por exemplo o amor, o carinho, a presença, o aconchego, o conforto, a segurança, o apego e a aprendizagem.  

As crianças, enquanto seres humanos na fase inicial de vida e, portanto, incipientes quanto ao conhecimento do mundo em redor, precisam do lúdico para expandirem suas potentes mentes com imaginações diversas e fecundas, mas sempre mediadas pelo bem, pela verdade e pela beleza. 

Assim ganham repertório de imagens, palavras, sensações, experiências, conhecimentos e sentimentos essenciais para desenvolverem de maneira sadia suas personalidades em rápida e constante construção. 

Mas, bem cedo, como na experiência pessoal por mim relatada, já distinguem adequadamente  o que é brincadeira e o que é real. 

Acho que sei qual é a fórmula de sucesso desse discernimento tão bem iniciado na infância: “Música para a alma e exercício para o corpo“.

Dito de outro jeito, dê à alma ou ao espírito o que é belo, o que é lúdico, o que é elevado, o que nos faz sonhar, divagar, decolar e esperançar. Dê a ela igualmente a objetividade da vida, que a sustenta e fortalece para que seu imaginário não se desprenda da realidade e o crescimento cognitivo e psicológico da pessoa humana se dê em permanente equilíbrio. 

 As singelas relações de amor que cultivamos em nosso cotidiano muito nos ensinam. 

Brincando com minha filha “bebé” nutro-me da riqueza e da inteireza de poder me transportar de “corpo e alma” para a sua infância, o seu mundo, o seu lugar de expressão, de recepção e vida, onde sei que posso encontrá-la, para que juntinhos sempre adentremos em uma nova, inusitada, empolgante e deliciosa aventura. 

Um universo de imaginação quase sem fim que faço todo meu. Só saio de lá quando, por vezes, ela surpreendentemente me diz para cair na real. 

Agora, deixa eu ir, pois fiquei sabendo que uma nova miniatura da Lolnos espera para brincar

T. Assinger

2 thoughts on “Papai, cai na real!

  1. Shirleyde Matos says:

    Lendo seu texto me transportei para cena e apreciando vocês dois brincando e se diverrindo cheio de momentos intensos, com risadas e muita criatividade.
    Brincando e dialogando exatamente do jeito que relatou. Vocês se completam e a imaginação ganha forma, cor e vida nos momentos de vocês juntos.
    Nossa filha é uma pedra preciosa e tem um pai maravilhoso.
    Lindo presenciar o mundo de vocês juntos ❤️

    Reply
  2. Shirley pimenta says:

    Fase maravilhosa! De descobertas e ensinamentos para ambos

    Reply

Leave a Reply to Shirleyde Matos Cancel reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

error: Content is protected !!